3º Seminário Almoço CICS| Dinâmicas afetivas e sexuais: as relações de poder e (des)igualdades no seio do casal heterossexual| 18 abril 2019 – 12:30h – Sala de Atos ICS

 

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3º Seminário – Almoço CICS

Data:  18 de abril de 2019 (quinta-feira)

Hora: 12h30 -14h00

Local: Sala de Atos do do ICS piso 0/ Entrada gratuita, não sujeita a inscrição.

Orador: Iolanda Maciel Fontainhas (Doutoranda em Sociologia na Universidade do Minho e bolseira de investigação de doutoramento no CICS.UMinho)

 

Título: Dinâmicas afetivas e sexuais: as relações de poder e (des)igualdades no seio do casal heterossexual.

 

 

Resumo abreviado:

Nas sociedades contemporâneas, a sexualidade assume-se como uma dimensão da vida quotidiana importante para a realização pessoal e para a manutenção das relações conjugais. No entanto, esta tendência não significa, necessariamente, que os casais exprimam da mesma forma os afetos, desejos, condutas sexuais e usos do corpo. Os discursos e representações sobre a sexualidade e as práticas sexuais são inerentemente discursos sobre o género, as relações de poder e as atribuições simbólicas. O género normativo tem efeitos na intimidade heterossexual já que todas as expectativas face aos relacionamentos revelam que as mulheres estão incumbidas da dimensão afetivo-emocional da relação e o cuidado com os outros e, por isso, se encontram mais distantes da dimensão sexual, ao passo que os homens são mais associados a esta última (Seidman, Fischer & Meeks, 2006). A ideia da “passividade” feminina tem, portanto, reflexos na concretização dos seus desejos e prazeres sexuais, demonstrando que uma maior igualdade de género ao nível do mercado de trabalho e da divisão do trabalho doméstico não implica, por parte dos homens, a perda de uma posição de domínio ao nível dos relacionamentos íntimos (cf. Jamieson, 1999). A sexualidade conjugal é sensível a uma contínua decifração de códigos e gestos de conduta sexual e requer a compreensão das intenções e desejos de cada um e uma negociação de significados (Berger & Kellner, 1964). Essa relação complexa e dialética entre sexualidade e comunicação mostra que tanto o silenciamento, como a verbalização e o modo como esta é levada a cabo traduzem uma vivência conjugal e sexual que não deixa de ser condicionada por interditos sociais e morais. Adotando uma perspetiva construtivista da sexualidade, esta investigação incide sobre a dinâmica afetiva e sexual de casais heterossexuais em situação de conjugalidade estável, isto é, coabitando há, pelo menos, dois anos, e pretende determinar em que medida as vivências e dinâmicas da sexualidade constituem contextos onde as assimetrias de género se renovam. Recorrendo a uma metodologia qualitativa assente no estudo de casos e à entrevista como técnica de investigação principal, pretende-se saber em que medida os membros do casal reproduzem representações dominantes do género com efeitos nas vivências sexuais, que impactos a gestão e a negociação das práticas sexuais têm na continuidade/rutura das relações amorosas e qual o papel da comunicação acerca da sexualidade e dos afetos na relação conjugal – nomeadamente, em que medida os afetos são usados para naturalizar, encobrir/revelar e negociar relações de poder e desigualdades de género no seio do casal.

 

 

Nota biográfica:

Iolanda Fontainhas é investigadora do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais – Polo da Universidade do Minho (CICS.NOVA.UMINHO). Atualmente, está a realizar o doutoramento em Sociologia na Universidade do Minho. Em 2014, licenciou-se em Sociologia pela Universidade do Porto e, em 2016, concluiu o mestrado em Sociologia na mesma Universidade, com a dissertação intitulada de “O diálogo mudo dos corpos: Representações de casais heterossexuais acerca da sexualidade e práticas sexuais”. Os seus interesses de investigação centram-se na análise das dinâmicas afetivas e sexuais de casais heterossexuais, especialmente no que respeita à interseção entre sexualidade, género e relações de poder.

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