8º Seminário Almoços CICS

 

A 10 de Dezembro de 2013 realizou-se a 8ª Edição dos Seminários Almoços CICS, com a apresentação da comunicação “Corpo, identidade e identificação criminal”, por Diana Miranda, Doutoranda FCT e investigadora do CICS/UM.

Desde meados do século XIX que a ciência e a tecnologia têm tido um papel fundamental no que respeita ao manuseamento de informação de carácter físico, visual e biológico sobre indivíduos suspeitos e/ou condenados pela prática de crime. A antropometria, implementada no final do século, permitia a medição e descrição física dos corpos dos criminosos. No início do século XX, o sistema de identificação português combinava não apenas a sinalética descritiva e antropométrica, mas também a fotográfica e dactiloscópica (identificação por impressões digitais). Se a antropometria e a dactiloscopia eram encaradas como a solução para a descoberta e identificação do verdadeiro criminoso, verifica-se novamente este entusiasmo com o desenvolvimento de métodos de identificação baseados na genética forense no início do século XXI.
No âmbito desta comunicação almejou-se discutir os processos de identificação criminal em Portugal, salientando a importância do corpo aliado à tecnologia e conhecimento científico. Ao longo da história, estes processos têm-se transformado em termos tecnológicos e científicos mas há aspetos que são similares na sua essência. Há um enfoque no corpo identificado e classificado como suspeito ou criminoso, sendo as identidades suspeitas objeto de vigilância e controlo estatal. O corpo surge como fonte de informação e desempenha assim um papel fundamental nestas práticas que pretendem inscrever, codificar e documentar os criminosos. Desde a impressão digital, à antropometria e ao recurso à genética, há uma tradução/redução da identidade do criminoso em linguagem codificada que permite transformar o corpo criminal em informação. Realce-se que o desafio da investigação em curso é, precisamente, a análise dos impactos destas práticas de identificação criminal na co-construção do corpo e da identidade criminosa.

Cv resumido: Diana Miranda, licenciada em Sociologia pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, com pós-graduação em Criminologia pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto. É doutoranda no Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho com o projeto “A identificação criminal e a identidade do criminoso: percepções de reclusos e agentes de controlo sobre as práticas de vigilância e classificação do corpo delinquente”. Os seus interesses de pesquisa centram-se na área dos estudos sociais da ciência e tecnologia, estudos da vigilância, estudos prisionais e estudos sociais do crime.

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