Colóquio Jardins-Jardineiros-Jardinagem
Entre os dias 16, 17 e 18 de Maio no Museu Nogueira da Silva em Braga, realizou-se o Colóquio Jardins-Jardineiros-Jardinagem cuja organização esteve a cargo do Projeto Paisagens, Cultura e Artes da Contemporaneidade, dos Centros de Investigação em Ciências Sociais e do Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade e do Museu Nogueira da Silva.
Desde o fazer à contemplação, desde a paisagem-jardim de Capability Brown à tradição japonesa Zen, são múltiplas as formas e as ligações que nos jardins se ensaiam. Há jardins na frente e nas traseiras das casas, jardins públicos e privados, nuns casos e noutros, realidades físicas mas também ideais que se propiciam à atividade criativa. Os jardins podem num certo sentido ser reconhecidos como “obras de arte”. Muitos jardineiros (garden designers) foram pintores, tais com Monet e Jekyll. Sobre os jardins dizia este último: “planting ground is painting a landscape painting” (Jekyll). Admite-se, nomeadamente, que o prazer da contemplação dos jardins poderá derivar da sua associação à pintura paisagista. Em comparação com uma obra de arte, porém, um jardim não é permanente: muda com o tempo e nunca está completo. O que não quer dizer que a experiência do jardim e a experiência da arte não se aproximem entre si. Necessariamente associado à natureza, o jardim inscreve-se na arte da paisagem, na medida em que natureza e arte se intertexturam.
Podemos dizer que alguns jardins “imitam” a natureza, assim como outros perseguem uma versão da natureza melhorada, domesticada, transformada. David Cooper dirá que o jardim não é nem arte nem natureza: é arte-e-natureza. Tanto mais que a sua finalidade não se esgota em constituir-se como objeto de contemplação estética. Os jardins não são apenas vistos mas percorridos, estimulando a experiência da visão, mas também a experiência do táctil. Diz o autor: “The viewer is in and surrounded by the natural landscape being admired; is typically moving through it, and hence is active, the landscape is not framed for the viewer, and nor are there privileged viewpoints from which to regard it” (Cooper). E mais ainda, os jardins desatam a nossa imersão numa realidade matérica que abraçamos em múltiplos sentidos. Ao jardim associamos as mãos na terra, os cheiros, os bichos, o chilrear dos pássaros, o sol. Não esquecendo que aos jardins poderá corresponder uma certa “atmosfera”, um sentimento melancólico que alguns jardins induzem, propício à meditação, ao pensamento livre de cada um sobre si, na dispensa de obrigações morais, profissionais ou outras.
Importa aqui reter o jardim como lugar vivido, isto é, como espetáculo estético, mas sobretudo como teatro de práticas que contemplam desde o design, o cultivo e cuidado do jardim aos muitos fazeres possíveis no jardim. No quadro do presente Colóquio, é a atividade criadora que se procurará relevar, nos seus diferentes níveis de expressão, a forma como se comunica, mesmo que inadvertidamente, uma intenção, uma visão sobre o nosso lugar na relação com a natureza.
Programa Colóquio Jardins-Jardineiros-Jardinagem
Cartaz do Evento
Comissão Científica:
Helena Pires | Ciências da Comunicação ICS-UM
Teresa Mora | Sociologia ICS-UM
Ana Francisca de Azevedo | Geografia ICS-UM
Miguel Bandeira | Geografia ICS-UM
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