Colóquio Internacional A Crise da(s) Socialização(ões)?
Data: 19 e 20 de abril de 2012
Local: Braga, Universidade do Minho, Portugal
Organização: Association Internationale des Sociologues de Langue Française (AISLF); Departamento de Ciências Sociais da Educação – Instituto de Educação – Universidade do Minho; Centro de Investigação em Educação (CIEd); Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS); Centro de Estudos Comunicação e Sociedade (CECS)
Ficha de Inscrição on-line: https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?hl=pt_PT&formkey=dFBKX1BVRmRQQzZfcTJVYWJnbkw4Z1E6MQ#gid=0
Estrutura: Será um colóquio internacional, bilingue, com tradução simultânea, com conferencistas e comunicantes convidados. A primeira manhã e a tarde do segundo dia serão dedicadas a conferências especialmente encomendadas; a tarde do primeiro dia e a manhã do segundo dia terão dois painéis cada (total de quatro), cada um deles com dois comunicantes e com um comentador.
Uma sessão especial será dedicada à discussão de posters, aplicações multimédia e “distribued papers” sobre o tema do colóquio (em português e francês) apresentando resultados de pesquisa de terreno. Dois comentadores encarregar-se-ão da apresentação. Serão selecionados 30 produtos comunicantes.
Propósito:
A socialização é um termo âncora da sociologia. De certa forma, a partir de E. Durkheim, a socialização condensa em si todo um programa teórico perseguido por algumas correntes estruturantes do pensamento sociológico: o processo pelo qual uma sociedade comunica valores e saberes e garante a sua continuidade e coesão. O estudo dos processos de socialização constitui-se, deste modo, como um tema central do pensamento sociológico.
Com a modernidade, a transmissão dos valores e saberes sociais assumiu formas institucionais e normativas, que se consagraram especialmente em torno da família nuclear, da escola e das organizações de trabalho. Durante décadas, o pensamento sociológico discutiu os processos através dos quais diferentes grupos sociais operavam processos distintos de socialização primária familiar e eram sujeitos à socialização secundária, realizada no contexto da escola pública, reprodutora do capital social dos grupos socialmente hegemónicos. Noutro domínio, procurou-se discernir estilos de vida e dinâmicas de ação de indivíduos des-socializados, em ruptura com as normas dominantes, portadores de projetos de vida alternativos ou exibindo comportamentos desviantes. Em qualquer dos casos, o discurso sobre a socialização representou-se sob o modo de uma imposição socialmente realizada, condição necessária ao laço social e à vida colectiva, sem deixar margem de liberdade ao indivíduo para configurar a sua própria norma e estabelecer o laço social a partir de uma proposta em consonância com visões do mundo e projetos de vida diferenciados.
As transformações de uma sociedade em movimento, marcada pela incerteza e inscrita nas rotas do risco social, assinalam o lugar da socialização como um processo em crise, em correlação direta com o declínio das organizações sociais, especialmente as que são investidas da ação socializadora: a família nuclear e a escola.
Deste modo, a radicalização do princípio da autonomia do sujeito – já inscrito no processo histórico desde a afirmação dos direitos do homem, mas agora promovido a fundamento da “sociedade dos indivíduos” (Elias) – e da pluralidade dos valores e visões do mundo, inerente a sociedades abertas, pluralistas e multiculturais, fazem emergir não apenas a pluralização das socializações, como a ruptura com os processos e dispositivos em que esta se sustenta.
Na auto-construção biográfica, que a radicalização da autonomia propõe, são mobilizados referenciais legitimadores de proveniência variada, para além da família e da cultura escolarmente transmitida: os grupos de pares, as tribos urbanas, os ídolos mediáticos.
Face à vertigem dos princípios e lógicas de ação das instituições socializadoras, emergem como agências promotores de novas sociabilidades as redes informais, os clubes desportivos e de fãs, em algumas redes de consumo, induzidas por processos fidelizadores de produtos do mercados.
Com a abertura de formas de comunicação virtual e à distância, escrevem-se novas narrativas afiliadoras nos chats de conversação, nas redes sociais informáticas, no intercâmbio frenético de imagens, de ideias e de possibilidades de percepção de outras formas de existência?
Com a emergência das sociedades multiculturais promovem-se formas de convivência cosmopolita, questionam-se estereótipos constitutivos de sentidos comunitários ou, alternativamente, reafirmam-se modos de constituição de comunidades-fortaleza, reacendem-se crenças e inventam-se hiperidentidades isolacionistas?
No quadro da análise da turbulência gerada na normatividade constituída, é propósito do colóquio interrogar o sentido da(s) socialização(ões) na contemporaneidade. Essa interrogação debruçar-se-á sobre as transformações e mudanças familiares, a escola, as crianças e a sua educação, as relações intra e intergeracionais, as organizações de trabalho e a influência dos média. Em comum a todos estes níveis e contextos de análise, uma mesma questão: como ocorre a transmissão de valores e saberes na era da “socialização para a individualização” (Beck e Gershein-Beck) e da crise e multiplicação das narrativas fundadoras da modernidade? Será que o conceito de socialização ainda nos fundeia num porto seguro de análise da produção do pensamento sociológico? Finalmente, será que a crise da(s) socialização(ões) não será, também, a crise do próprio conceito de “socialização”? Que outras formas de pensar o social se disponibilizam para pensar os processos de construção dos laços sociais?
Apelo à Participação
As propostas de comunicação (poster, « distribued paper » ou aplicação informática), devem ser apresentadas num texto de 1500 caracteres, enviado o mais tardar até 15 de fevereiro de 2012 para o endereço cics@ics.uminho.pt, com o título “proposta colóquio socializações”.
O texto deve mencionar:
- O nome, endereço eletrónico, endereço postal e contacto telefónico do autor (ou autores)
- O estatuto profissional e a instituição do autor (ou autores);
- O objeto da comunicação, os fundamentos em que se sustenta, ao trabalho empírico realizado. As comunicações devem apresentar as principais referências teóricas e metodológicas.
As comunicações serão examinadas e selecionadas (até 30) pelo Comité Científico que divulgar a os resultados da sua análise até ao dia 15 de março de 2012
Contactos :
Manuel Jacinto Sarmento, IE, UMinho, sarmento@ie.uminho.pt
Angela Matos, CICS, Uminho cics@ics.uminho.pt
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