Lançamento novo livro pela investigadora Sheila Khan

 

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Dia 11 de julho | 21horas

Livraria 100ª Página

Apresentação do livro Visitas a João Paulo Borges Coelho. Leituras, Diálogos e Futuros, da autoria de Sheila Khan, Sandra Sousa, Leonor Simas-Almeida, Isabel Ferreira Gould e Nazir Ahmed Can, da  Editora Colibri.

Será comentadora deste livro Paula Meneses  do Centro de Estudos Sociais da  Universidade de Coimbra.

Sendo os editores deste livro, bem como os demais participantes nele, professores e investigadores em literaturas africanas de língua portuguesa em universidades portuguesas e estrangeiras, todos têm tido ampla oportunidade de se aperceberem do crescente interesse que essa área académica suscitou no último decénio. Ora, no caso de Moçambique, surgiu, há cerca de quinze anos apenas, um ficcionista – que é também historiador reconhecido – chamado João Paulo Borges Coelho (n. 1955), o qual é já dono de um projeto literário marcado pela abundância de formas, originalidade e regularidade, combinação nem sempre fácil. Os seus romances, novelas e estórias têm vindo a abrir veredas à literatura moçambicana e, como tal, cativado a atenção de uma ampla e diversificada massa crítica.

Este livro é, na sua energia original, a expressão da admiração, carinho, de amizade pela obra de um cidadão que pela sua escrita tornou a literatura maior que as suas fronteiras geográficas.

«não me parecia bom sinal desaguar no caderno ao invés de partir dele (…). O meu propósito, não o podia esquecer, era retirar um sentido do passado, não imprimir ao passado um sentido actual»

[João Paulo Borges Coelho, Rainhas da Noite, 2013, p. 212].

«se escreveram cartas para lugares distantes, a tinta pingando do aparo o seu desesperado apelo; se cantaram cantigas doces, hoje petrificadas (…). Aqui se teceram enredos que o correr dos dias moeu e dispersou»

[João Paulo Borges Coelho, “Ibo azul”, in Índicos Indícios I. Setentrião, 2005, pp. 191-192].

 

No mesmo momento, estarão presentes o escritor João Paulo Borges Coelho e o seu editor Zeferino Coelho, para apresentação do seu novo romance Ponte Gea, da editora Caminho/Leya.

 

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É a primeira e mais persistente lembrança: a água como substância da cidade. Uma água quieta, no mangal como nos capinzais, nos tandos de arroz e nos baldios urbanos cuja noite o monótono som dos grilos trespassava; insidiosa também, na onda paciente que escavava a areia grossa e se espraiava até lamber a raiz torturada das casuarinas, enchendo os corvos de maus presságios e de indignação; e avassaladora, nas chuvadas súbitas e no ar carregado que toldava o horizonte e nos pesava, derrotados, sobre os ombros. Uma água cálida onde nadam todos, aqueles de cujo rasto ainda a espaços me vou apercebendo, e os outros, os que vogam em círculos como peixes aprisionados no aquário do esquecimento.

 

 

 

 

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João Paulo Borges Coelho é escritor e historiador moçambicano.
Ensina História Contemporânea de Moçambique e África Austral na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo. Tem-se dedicado à investigação das guerras colonial e civil em Moçambique, assim como às questões de segurança regional no sul de África e à política da memória.
Recebeu em 2004, com o romance As Visitas do Dr. Valdez, o Prémio José Craveirinha da Literatura, a maior distinção literária em Moçambique. Com O Olho de Hertzog recebeu o Prémio Leya 2009.

 

 

 

 

 

 

 

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