10º Seminário Almoço CICS |11 dezembro 2018 – 12:30h – Sala de Atos ICS| Moradias Populares, políticas de habitação e origens sociais: um estudo de caso do bairro social das Andorinhas (Braga).

 

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10º Seminário – Almoço CICS de 2018

Data: 11 de dezembro de 2018 (terça-feira)

Hora: 12h30 -14h00

Local: Sala de Atos do ICS  piso 0/ Entrada gratuita, não sujeita a inscrição.

Orador: Joana Teixeira (estudante do Mestrado em Sociologia da Universidade do Minho)

 

Título: Moradias Populares, políticas de habitação e origens sociais: um estudo de caso do bairro social das Andorinhas (Braga).

 

Resumo: A década de 1970 ficou marcada em Portugal por numerosas mudanças políticas, sociais e económicas. A queda da ditadura em 1974, ocorrida num contexto de crise global do capitalismo, concorreu para o fim abrupto da presença colonial portuguesa em África e em Timor-Leste, provocando o regresso ao chamado “continente” de mais de meio milhão de pessoas em 1974 e 1975. Em concreto, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), tendo como referência 1981, o total de retornados até essa data contabilizados foi de 505.078, sendo 309.058 provenientes de Angola e 164.065 de Moçambique, com uma forte fixação na área metropolitana de Lisboa. Marcado pela escassez de habitação e emprego para toda a população recém chegada, este regresso em massa dos chamados retornados fez com que “[…] as consequências sociais da descolonização tiveram maior importância e relevância no futuro de Portugal do que as consequências meramente económicas” (Ferreira, 1994: 92). Ao mesmo tempo, o país tinha fluxos relevantes de migração interna do campo para a cidade, acentuando a procura de alojamento. Em apenas uma década, a população passou de 8,6 milhões em 1970 para 9,8 milhões em 1981, um crescimento que jamais se voltaria a registar até ao presente (cf. portada.pt).

Desde sempre o abrigo constituiu uma necessidade humana básica, tão importante quanto a alimentação e a proteção do corpo contra as inclemências climatéricas. A habitação é, assim, uma necessidade social fundamental, imprescindível à existência pessoal e à reprodução social do indivíduo e da vida familiar (Silva, 2012). Ela insere-se sempre num espaço geográfico concreto, cada vez mais urbano, diversificado, no qual se inscrevem também as distinções sociais (Bourdieu, 1979) presentes nos múltiplos contextos da vida social (Remy e Voyé 1974, Baptista 2006). Estando já urbanizada a maioria da população mundial, as cidades continuam a crescer, confrontadas com a procura de capitais e de soluções para as desigualdades e exclusões sociais que as atingem (vd. Pereira, Baptista e Nunes 2011).

Estas dinâmicas demográficas confrontaram o poder político com a questão da habitação, nomeadamente a destinada às populações que estão viveneciando situação de vulnerabilidade social. Para garantir moradia àqueles que não têm condições de adquiri-la nem de a arrendar no mercado habitacional, o Estado desenvolveu políticas de alojamento nas quais assumiu lugar de destaque a construção de habitações sociais sob a sua total responsabilidade. Em Braga, um dos projetos concretizados foi o do bairro das Andorinhas, concluído em 1983. Tratou-se de um grande projeto habitacional, composto por 33 prédios que permitem o alojamento de cerca de dois mil cidadãos.

Partindo da contextualização histórica das políticas de habitação implementadas pelo Estado, a presente comunicação debruçar-se-á sobre as condições de vida, nomeadamente habitacionais, e origens sociais dos primeiros habitantes do bairro das Andorinhas. Para além dos recursos a fontes primárias e bibliográficas, serão explorados os dados já produzidos pelo trabalho de campo, com uma atenção especial às entrevistas realizadas a residentes deste bairro social no âmbito do projeto “Modos de vida e formas de habitar: ilhas e Bairros Populares no Porto e em Braga” (PTDC/IVC-SOC/4243/2014), financiado pela Fundação para a Ciência eTecnologia, com coordenação científica a cargo de Manuel Carlos Silva.

 

 

Nota biográfica e curricular:

Assistente Social com graduação pela Universidade de Taubaté – UNITAU (2011), Pós-graduação lato sensu em Saúde Coletiva pelo Programa Multiprofissinal em Antenção à saúde pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (2015). Atualmente desenvolve o Mestrado em Sociologia com especialização em Políticas Sociais pela Universidade do Minho (ICS-UMinho). Tem experiências como Assistente Social nas áreas da assistência social na alta complexidade, saúde pública, saúde mental, sistema penitencário e socioambiental. Interessa-se pelas questões ligadas a habitação e discussões de gênero.

 

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